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Equipe e alunas do Empoderando Refugiadas em Roraima. Viviane Aguiar, educadora de "Resiliência emocional e projeto de vida". Jesilena, Diannibel, Veronica e Jancaris, venezuelanas participando da formação. Representante da ONU Mulheres, venezuelana com seu certificado e diretora do Instituto Aliança (IA). Equipe do IA para a turma de Roraima do Empoderando Refugiadas, com Arno Duarte, coordenador do Instituto Lojas Renner. |
Um total de 25 mulheres, vinte venezuelanas e cinco brasileiras, foram certificadas no dia 6 de novembro de 2019 pelo Programa Empoderando Refugiadas. A cerimônia de certificação aconteceu no Centro de Formação Diocesana, em Boa Vista (RR), e incluiu 25 crianças – filhos e filhas das mulheres atendidas – que participam do Projeto Brincantar. A turma certificada foi a 5ª formada pela metodologia do Instituto Aliança.
Para Ilma Oliveira, diretora-técnica do Instituto Aliança e coordenadora geral no IA do Programa Empoderando Refugiadas, a experiência foi uma oportunidade prática para desenvolver o crescimento pessoal e profissional. “Desde o início da parceria que fizemos com o Instituto Lojas Renner, a gente já sabia que seria uma trajetória de muitos aprendizados, pois teríamos um público diferente para encontrar, com muitas histórias para contar, com muitas vivências a considerar. Nossas metas, em todas as turmas, foram superadas, mas há um resultado existencial que não dá para mensurar. Crescemos no trabalho e muito mais na compreensão da vida em grupo”, destacou Ilma.
Em 2018, o IA recebeu o convite do Instituto Lojas Renner – seu parceiro financiador – para colaborar na ampliação da proposta, assumindo a elaboração, execução e monitoramento de novas turmas no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Salvador. Para tanto, foram criadas as áreas de Resiliência Emocional e Projeto de Vida (REPVIDA), que aborda questões relativas ao autoconhecimento e ao fortalecimento da autoestima) e Habilidades Específicas em Moda (HEM), que foca na formação geral em moda, com foco na produção das indústrias e na venda varejista.
Helen, venezuelana produzindo sua bolsa em oficina da formação. |
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Atividade de desenho do Projeto Brincantar, que atendeu filhos e filhas das alunas do Empoderando Refugiadas. |
Mulheres - Em Roraima, bem como nas outras capitais por onde passou, o Empoderando Refugiadas atendeu pessoas em situação de refúgio, prioritariamente mulheres. O diferencial em Boa Vista foi trabalhar diretamente com um público residente de dois abrigos da cidade, coordenados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Fundação AVSI e Operação Acolhida – ação humanitária das Forças Armadas presente na região. “Há uma rede sólida e importante em Boa Vista, completamente voltada para esta urgente pauta. Cada peça desta engrenagem, incluindo a nossa peça importante, da sociedade civil, precisa estar em sintonia em todo processo. Mesmo com grandes proporções, a pauta dos refugiados ainda é nova para a maior parte dos brasileiros. Precisamos entender este fenômeno para melhor saber colaborar com as urgentes necessidades que ele apresenta. Nossa equipe se debruçou sobre este tema desde o início, pois a primeira lição importante foi reconhecer que tínhamos muito a aprender com ele”, declarou Márcio Lupi, coordenador pedagógico do Programa.
Brincantar – As crianças também geraram importantes compreensões para toda a equipe. Atendidas no âmbito do Projeto Brincantar, elas revelaram outros olhares acerca do fluxo migratório, com nuances bem diferenciadas das apresentadas pelos adultos. “Elas nos ensinaram muito, especialmente a escutar. Muitas situações da trajetória que fizeram da Venezuela até aqui só foram reveladas pela narrativa deles, pois as crianças tem percepções muito claras da realidade à qual estão submetidas. Foi emocionante poder entender sobre este tema através da vinculação que criamos com estes pequeninos e pequeninas”, afirmou Suélica Nunes, uma das educadoras que acompanhou o grupo de 25 meninos/as atendidos/as concomitantemente à formação de suas mães. Esta iniciativa de ação com as crianças contou com o apoio da Kindernothilfe – KNH Brasil, escritório Sudeste, Centro-Oeste e Bahia.
Yohandri, Jhoselin e Eudis, venezuelanas em oficina de formação.
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Ariana, venezuelana interagindo com Adrianne, roraimense, durante atividade da oficina do Empoderando Refugiadas. |
Verônica, venezuelana atendida pelo programa.
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Roda de apresentação no início da formação. |
Segundo dia da formação, na "Oficina de Acolhida" criando laços e espaços seguros de interação. |
Interiorização – A maior etapa de aprendizagens, contudo, ficou para o momento pós-formação, com o início do processo de deslocamento das mulheres participantes para iniciarem suas experiências de trabalho formal – garantidas pelo projeto, via Lojas Renner. Ao todo, foram 13 as cidades identificadas com potencial de empregabilidade, de norte a sul do país. Marina de Luca, educadora de HEM no Projeto, também colaborou de perto nesta importante etapa e sinalizou alguns pontos importantes do processo. “Há três modalidades básicas para a interiorização: uma chamada ‘abrigo-laços familiares' quando os refugiados saem dos abrigos direto para residências de parentes que já estão minimamente estabelecidos em alguma região do país; outra chamada ‘abrigo-abrigo’, quando são transferidos de um abrigo para outro, por questões diversas, a depender do perfil e história de cada família; por fim, a modalidade ‘abrigo-emprego’, quando são transferidos dos abrigos para cidades onde terão garantia efetiva de emprego”, detalhou a educadora.
O processo de interiorização contemplou oitenta pessoas refugiadas, entre crianças, jovens/adultos e idosos, graças à garantia que as participantes tiveram, no Programa, de serem deslocadas juntas aos seus núcleos familiares. “As mulheres refugiadas que chegam neste projeto já trazem uma extensa história de agravos e desalentos, especialmente ligados à perda dos direitos básicos e da própria dignidade. Garantir que elas fossem interiorizadas com todos os membros da família foi também uma forma de motivar a esperança em um momento de recomeço de vida e dos sonhos, ao lado dos companheiros e companheiras, pais/mães, filhos e netos. Nunca seremos capazes de mensurar o impacto positivo destes cuidados desenhados por todos/as parceiros/as envolvidos”, complementou Ilma Oliveira.
Alunas em visita guiada à Lojas Renner. Aproximando candidatas e empresa, expandindo o conhecimento de moda. |
Rede do bem – Outro efeito não previsto, mas festejado por todos da equipe, esteve fortemente ligado à ação voluntária criada nas cidades para receber as famílias interiorizadas. Desde o contato com as redes de proteção e com as pastas sociais das regiões ou mesmo as interlocuções feitas diretamente com diversos/as moradores/as das cidades, que, voluntariamente, se ofereciam para doar móveis, roupas, cestas básicas e/ou até mesmo para receber as famílias por um pequeno tempo em suas próprias casas, até que a vida se organizasse após a chegada, como foi o caso de Ana Pereira, da cidade de Botucatu, que acolheu um núcleo familiar em sua residência: pai, mãe e dois filhos.
“Não tenho palavras para descrever o privilégio que esta experiência trouxe para mim e para toda a minha família e amigos. Na verdade, foi um movimento muito mais de justiça social do que de caridade. No fundo, foi também um resgate de nós próprios, um resgate da nossa humanidade. Exercitamos trazer de dentro o que tínhamos de melhor. É aquela coisa que já sabemos, mas que pouco colocamos em prática. Se temos duas coisas e alguém não tem uma, o que sobra já não nos pertence. Acredito que a gente se mobilizou aqui em Botucatu porque, no fundo, a gente existe para isto, para nos conectarmos, não é verdade? Obrigado a vocês pelo trabalho, pois sem vocês nós não estaríamos aqui, neste desdobramento tão enriquecedor”, partilhou Ana.
Saiba mais – O Programa Empoderando Refugiadas, idealizado pelo Pacto Global, pela ONU Mulheres e pela ACNUR, em 2016, tem como objetivo dar apoio às/aos refugiados/as, prioritariamente mulheres, na integração cultural e inserção socioprodutiva destas em terras brasileiras. Video Empoderando Refugiadas.
Márcio Lupi, coordenador do Programa, e Ilma Oliveira, diretora do Instituto Aliança, em discurso na cerimônia de certificação.
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Ane e Alana, gerentes das Lojas Renner de Roraima, e Arno, coordenador do Instituto lojas Renner. |
llma Oliveira, diretora do Instituto Aliança, comemorando a certificação de 100% da turma.
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Zayari, venezuelana, mãe de 5 filhos, orgulhosa em receber seu certificado e conseguir seu emprego após formação.
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Karen e Francis, venezuelanas, cantando na apresentação cultural da cerimônia de certificação.
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Mulheres certificadas e suas famílias no fim da cerimônia de certificação.
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Algumas alunas ao lado de parceiras e parceiros do Programa em Roraima. |
Grupo completo das 25 mulheres atendidas com a bolsa presenteada pelo Instituto Lojas Renner com a estampa "Todas avançam juntas".
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Alunas, parceiros e equipe exibindo sorrisos após certificação. |
Alunas e educadoras em visita à Lojas Renner. |
Linha do tempo produzida pelas alunas durante oficina de história da moda. |
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