Projeto Brincantar é iniciado em Boa Vista (RR)

 
 
 

Crianças em atividade lúdica de dança de roda. Crianças em atividade de desenho. Crianças em momento de confraternização/lanche.


Entre os dias 7 e 11 de outubro, cerca de 40 atores estratégicos ligados à infância e adolescência que integram a Rede de Proteção de Boa Vista (RR) participaram de capacitação do Projeto Brincantar, realizada no espaço da Prelazia, em Boa Vista. No dia 11, foi a vez de 25 crianças dos abrigos Rondon II e São Vicente vivenciarem a metodologia do Projeto, que tem a brincadeira como eixo central das oficinas com as crianças, aliada à inserção social. As atividades marcaram o início do Brincantar no Estado de Roraima.

Financiado pela Kindernothilfe, por meio de seu escritório regional no Brasil, KNH – Brasil Regional Sudeste e Centro- Oeste e Estado da Bahia, a iniciativa tem por objetivo a inserção sociocultural de filhos e filhas de refugiadas/os, atendidas pelo Projeto “Empoderando Refugiadas”, a partir da criação de um espaço lúdico-pedagógico que utiliza a metodologia da pesquisa Cirandando Brasil, criada por Nair Spinelli Lauria, a Nairzinha, aliado ao trabalho com famílias e à criação de estratégias eficazes para a garantia dos direitos das crianças aos serviços da Rede de Proteção.


 

Nairzinha em momento de aprofundamento conceitual com profissionais da Rede.

 

Foto do grupo de profissionais em momento de exposição dialogada.

 

Crianças em atividade de jogo.

 

Crianças em trabalho com o tema dos animais.

As atividades do Brincantar, em Roraima, foram iniciadas com a articulação e mobilização da Rede para adesão às atividades do Instituto Aliança (IA), com adultos e crianças no Estado, e na mobilização para a capacitação da equipe técnica, facilitada por Nairzinha, que trabalhou a metodologia centrada na brincadeira como cultura de humanidade, resultado de sua larga pesquisa nesta área. “Eu tenho uma pesquisa chamada Cirandando Brasi, que resgatou duas mil peças do folclore infantil brasileiro e contextualizou do ponto de vista étnico, histórico, antropológico e musical e agora é disponibilizada para a Rede de Roraima. Estou muito feliz com essa oportunidade de levar esta metodologia para crianças refugiadas, brasileiras e indígenas”, destacou Nairzinha.

Para a profissional Renata Lucena, que integra a equipe multidisciplinar do Projeto Abrindo Caminhos de Boa Vista, a capacitação foi um sucesso: “Nairzinha fez uma revolução maravilhosa aqui em Roraima. Espero que possamos multiplicar esse trabalho com muito carinho. Foram dias maravilhosos!”, ressaltou. Renata foi uma entre os 40 atores estratégicos ligados à infância e adolescência que integram a Rede de Proteção de Boa Vista e participaram da capacitação do Brincantar.

Marcio Lupi, coordenador pedagógico do Projeto Brincantar pelo IA e responsável pelas articulações em Roraima, ressaltou: “O Instituto Aliança tem esse compromisso com o compartilhamento dos aprendizados e com a garantia dos direitos. O Brincantar é centrado nesse princípio. Queremos contribuir com as organizações parceiras para uma vida digna e saudável das crianças. Assim, não podíamos perder essa oportunidade de envolver os atores estratégicos ligados à infância e adolescência do município”.

Viviane Alice Monteiro, articuladora da Fundação Abrinq de Roraima, também relatou sua impressão da atividade no início da capacitação: “por meio da brincadeira, nós vamos aprender, e levar o aprendizado para as crianças, fazendo com que elas entendam que a brincadeira faz parte do mundo delas. Vamos desenvolver atividades lúdicas, afetivas e cognitivas. A brincadeira é importante para o desenvolvimento da criança, ela vive no mundo da imaginação o início das elaborações da realidade”, afirmou.

Crianças
– Ao todo, 25 crianças participam das atividades do Brincantar, iniciadas no dia 11 de outubro, com finalização prevista para novembro. São meninos e meninas que vivem nos abrigos Rondon II e São Vicente. A metodologia das oficinas pedagógicas foi adaptada do Cirandando Brasil na etapa inicial, na Bahia, e agora aprimorada e adaptada para a realidade de Roraima. De acordo com uma das educadoras do Projeto, Suélica Pinto, as crianças vêm para o Brincantar com muita abertura e vontade de aprender, pois a proposta permite, de forma lúdica e atrativa, uma aproximação com o idioma, com a cultura e história do país, aspectos necessários para uma integração. “Está sendo também uma experiência de refúgio, um momento em que eles sentem que nem tudo é sofrimento, que se sentem gratos a todo momento. No grupo, eles esquecem todo sofrimento e traumas e deixam aflorar a memória das boas experiências vividas no país de onde vieram. Apesar de estarem em um país estranho, não deixam de ter esperança e sonhos. E nós estamos lá para reforçar essa esperança. Sempre que vão embora das oficinas, perguntam se podem voltar no dia seguinte, se podem vir todos os dias. Saem felizes por saber que retornarão. Isso é o que mais importa”, relatou a educadora, que também destacou como ponto positivo a interação, a diversão e uma metodologia que estimula a participação e o acolhimento nos encontros.

Parceiros – O Projeto Brincantar em Roraima é incluído em uma plataforma de parceiros que envolve, além da Kindernothilfe Brasil e do Instituto Aliança, o Instituto Lojas Renner, a ONU Mulheres, a Agência das Nações Unidas para Refugiados e Migrantes (ACNUR), a Casa da Mulher Brasileira, que juntos desenharam uma proposta de atendimento e de futura interiorização das famílias para locais onde as mulheres serão empregadas. Para a diretora do Instituto Aliança, Ilma Oliveira, “a experiência em Roraima nos dá a verdadeira dimensão da importância do trabalho articulado e integrado, contando com o genuíno compromisso e participação de todos os envolvidos. Todos nós estamos aprendendo muito com essa experiência, em todos os sentidos, em especial no sentido humanitário.”

Saiba mais – O Instituto Aliança (IA) iniciou a primeira experiência piloto de formação de filhas e filhos de refugiadas/os, em Salvador, em março de 2019 com a implementação do Projeto Brincantar. O Projeto tem como objetivo garantir o direito à inserção sociocultural do público infantil, por meio da criação de um espaço lúdico-pedagógico que trabalhou a brincadeira e a língua portuguesa como forma de integração à cultura brasileira. A metodologia do Brincantar, para as oficinas com as crianças, foi adaptada da pesquisa Cirandando Brasil, de autoria de Nair Spinelli Lauria, que busca resgatar cantigas de roda e brincadeiras cantadas no folclore brasileiro.



Crianças em atividade de roda.
 
 
 
 

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