Certificação marca encerramento do ciclo de formação do
Projeto Empoderando Refugiadas em BH

 
 
 

Refugiadas e migrantes mostram seus trabalhos na visita ao CCBB/BH. Benediction Kipuni, da República Democrática do Congo, falando sobre a experiência no Projeto ao lado dos mestres de cerimônia. Gemina Mbuyi Mukendi, da República Democrática do Congo, e Sandy Guerrier, do Haiti, em visita à Renner. Farah Georges, do Haiti, aprecia as novidades da Renner.


No último dia 22 de novembro, o Projeto Empoderando Refugiadas, em Belo Horizonte, certificou mais 32 participantes oriundas de regiões diversas como Haiti, Venezuela, República Democrática do Congo, Senegal, Gabão, Cabo Verde e Guiné-Bissau. As primeiras turmas do Projeto Empoderando Refugiadas foram realizadas na capital paulista e no Rio de Janeiro, pelo Instituto Lojas Renner. A capacitação conta com 120 horas de qualificação, tem uma metodologia participativa e transita por assuntos variados, como “fortalecimento da autoestima”, “autocuidado e higiene pessoal”, “relações de gênero”, “história da moda”, “senso estético” e “fidelização do cliente”. O objetivo é trabalhar o desenvolvimento pessoal de cada participante e fortalecer o conhecimento do universo da moda e do mercado de trabalho.



 
Ilma Oliveira (IA) se dirigindo aos participantes e parceiros, durante a cerimônia de certificação.  

Educadores do projeto recebem agradecimento dos migrantes e refugiados pela dedicação ao trabalho.

 

 
Momento da entrega do certificado pelos parceiros do Projeto: Serviço Jesuíta de Apoio ao Migrante e Refugiado, UECE, Instituto e Lojas Renner, Foxtime, Youcom e IA.  

Momento da apresentação cultural, no encerramento da cerimônia.



A cerimônia de certificação aconteceu no Museu de Artes e Ofícios da capital mineira e contou com a presença de Fernando Silva, pró-reitor da Universidade Estadual do Ceará, Arno Duarte, coordenador de Responsabilidade Social do Instituto Lojas Renner, Pascal Peuzé e equipe do Serviço Jesuíta para Migrantes e Refugados/Zanmi, parceiro local do Projeto, Ilma Oliveira e Márcio Lupi, diretora técnica e coordenador pedagógico do Instituto Aliança (IA), respectivamente, além da equipe local formada por Renê Dinelli, educador de Resiliência Emocional e Projeto de Vida (REPVIDA), Hudson Freitas, educador de Habilidade em Moda (HEM), e Simone Guabiroba, coordenadora de gestão.



 
Arno Duarte, coordenador de Responsabilidade Social do Instituto Lojas Renner, em momento descontraído com o grupo após a cerimônia.  

Jean Jinald, do Haiti, conduzindo a programação como um dos mestres de cerimônia.


Os educandos participaram de todas as etapas de organização da cerimônia, com apoio da equipe local. A programação contou com exibição de vídeo com a retrospectiva das atividades, músicas, depoimentos e falas dos parceiros e idealizadores do projeto. Tudo devidamente preparado para que o momento tivesse o clima de celebração merecido por tantas conquistas que foram obtidas. Para a diretora do IA, Ilma Oliveira, foi um momento especial para agradecer pelas aprendizagens: “A certificação tem um valor simbólico muito forte na nossa metodologia, pois aponta para o rito da autonomia, onde os participantes refletem sobre a transição entre o fim da formação e o início da trajetória no mercado de trabalho – nos casos de projetos com perfil de saída que apontam para o mundo corporativo. Ritualizar publicamente esta passagem, além de pontuar um passo importante que foi dado, enobrece as histórias que nesta noite são partilhadas com os demais convidados. É também uma forma de se reposicionar socialmente”.



 
Refugiadas durante as aulas do projeto.  

Márcio Lupi (IA) com o grupo de Refugiados de BH.

Para Hudson Freitas, poder trabalhar com o grupo na perspectiva da troca e da participação foi um divisor de águas para todos os envolvidos. “Muito se fala dentro do projeto na mudança que os alunos tiveram no comportamento, na postura, no próprio empoderamento de cada um, cada uma, mas não foram só as alunas que mudaram. Eu também mudei na medida em que eu consegui enxergar o quanto que eu sou privilegiado na minha vida por não ter que ter precisado sair fugido do meu país, em busca de oportunidades em lugares totalmente diferentes, com idiomas diferentes, me arriscando em muitos aspectos. Este projeto me ensinou o quanto a gente precisa ser resiliente e forte diante dos problemas do dia a dia. Conviver com as alunas, descobrir um pouco da história delas, da forma como elas chegaram aqui e da luta diária que elas precisam passar, gerou um movimento em mim que diz 'seja mais leve', 'não se cobre tanto', 'não corra tanto', porque o que importa, na verdade, é a gente colher nesses momentos do dia a dia pequenas delicadezas para podermos trazer leveza para a vida da gente”, partilhou o educador.


 
Grupo de refugiadas atento às dicas e orientações da equipe de Visual Merchandising (VM) da Renner.  

Sandy Guerrier, do Haiti, e o educador de Moda Hudson Freitas em visita à Renner.

Visitas - Além dos temas presentes nas oficinas, a turma de BH também contou com atividades de visitas técnicas e culturais, que colaboraram com a ampliação da proposta formativa por meio da oferta de elementos diferentes, sensíveis e de múltiplos aprendizados. Ao todo, foram quatro visitas em centros culturais de referência na cidade, tais como: Palácio das Artes, Centro Cultural Banco do Brasil, Museu da Moda e Museu de Artes e Ofícios e duas visitas técnicas às lojas Renner e Youcom. “São oportunidades únicas para que possamos fazer a conexão exata entre o que aprendemos em sala e o movimento da cidade, do externo, do coletivo. A arte oferece chaves para que seja possível acessar realidades mais subjetivas, mais reflexivas, algo de muita relevância para o indivíduo e para o mercado de trabalho contemporâneo. No mais, as participantes ficam muito agradecidas e imersas na história do povo mineiro que os acolheu”, considerou Márcio Lupi, coordenador pedagógico do IA que acompanhou as equipes do projeto. O coordenador destacou também que toda a narrativa metodológica da capacitação tem como plataforma de discurso uma metodologia participativa, inclusiva e ativa, no sentido de provocar ao máximo experiências não niveladas e com forte senso de coletividade.

 
Aliou Ndoye com seu traje - chamado sabadô -, feito por seus familiares do Senegal, especialmente para celebrar sua certificação aqui no Brasil.  

Flanandie Vertus, do Haiti, colocou em prática as aulas de Moda Praia.

Impacto - As primeiras turmas do Projeto Empoderando Refugiadas foram realizadas na capital paulista, pelo Instituto Lojas Renner. Em 2018, as ações foram ampliadas para mais dois Estados, com a parceria do IA, que, por sua vez, assumiu a implementação metodológica nas novas turmas - o que incluiu seleção e formação de equipe de educadores. Ao todo, para esta nova fase, 65 refugiados, em sua maioria mulheres, tiveram acesso à formação do projeto. Deste número, 53 foram certificados pelo Sistema de Monitoramento e Avaliação do Instituto Aliança e 12 foram atestados. Além disso, 4 educadores e 2 coordenadores de gestão foram capacitados na metodologia do IA.

Para Vinícius Malafatti, diretor executivo do Instituto Lojas Renner, o aumento do atendimento deste público no projeto acompanhou as necessidades contextuais da pauta do migrante e refugiado no país. “Ampliamos o atendimento também por conta de a crise migratória ter alcançado proporções cada vez maiores, especialmente na Venezuela. Há refugiados com uma ou até duas faculdades, que chegam e encontram o desafio cultural, já que estão em outro país. Nos últimos anos, tem também o problema do mercado brasileiro, que passa por dificuldades. Por isso, este tipo de apoio pode fazer toda a diferença.”

Os resultados do empenho para estes avanços foram possíveis de serem identificados em cada participante, que, a cada dia, partilhava de suas experiências no grupo, como no caso de Vanice Carvalho, de Cabo Verde: "Minha relação em casa e no trabalho melhorou. As pessoas estão falando que eu estou diferente. Eu digo que sim! Agora me conheço, me cuido e me amo! Por isso consigo tratar eles bem. Porque primeiro eu me cuidei"; e de Farah Georges, do Haiti: "Eu não me conhecia! Esses dias, aqui, eu me desconstruí. Hoje, meu autoconhecimento tem trazido grandes descobertas: eu sou mais feliz, mais forte e mais segura, hoje eu me conheço melhor"; ou mesmo de Andrise Montina, também do Haiti: “Hoje eu tenho autoconhecimento. Hoje eu sou diferente. Eu tenho muitas coisas aqui dentro de mim que estão saindo fora.  Uma delas é a certeza de que nós, negros, temos o direito de fazer tudo, basta que a gente tenha autoconhecimento.  Agora eu sou uma mulher mais forte, inclusive para ajudar outras mulheres.  Quero agradecer a vocês por tudo”.

 
Aula prática no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).  

Aula prática no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Renê Dinelli, educador, reforçou em sua fala as mudanças que ocorrem durante a formação também com os educadores: “Participar do projeto foi especial em vários aspectos e um deles é enquanto fomento de políticas públicas de promoção de direitos humanos, enquanto acolhimento, proteção, escuta deste público refugiados e imigrantes. Como educador que sou, destaco o aspecto do dia a dia, das reflexões, das evoluções, da elaboração dos projetos de vida, de pensar os caminhos que elas querem para suas carreiras, para o mundo do trabalho. A gente está sempre ensinando e aprendendo, afetando e sendo afetado. Saímos todos transformados e modificados com esta experiência”.

Saiba mais – O Projeto Empoderando Refugiadas tem como objetivo a qualificação profissional na área de varejo de moda e a inserção sociocultural e produtiva prioritariamente de mulheres. Seus componentes são: articulação político-institucional, constituição e formação da equipe local, seleção das refugiadas, qualificação básica e inserção socioprodutiva e cultural.




Maria Odette Jules, do Haiti, em visita ao Palácio das Artes.

Equipe local do IA com os migrantes e refugiados do projeto.

Foto oficial do evento, com os participantes certificados, parceiros financiadores e equipe técnica do IA.

Grupo em visita técnica à loja Renner do BH Shopping.

Visita à loja Youcom do BH Shopping.

 
 
 
 

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