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Adolescentes concentrados e empenhados durante a colagem dos cartazes no lambe-lambe. Registro do primeiro encontro em que todos os jovens são suas interações no bairro, o que sentem e como se movimentam, momento que auxiliou nas discussões para a construção do mapa. Adolescentes construindo as legendas e descrições para a cartografia social da juventude de Valéria.
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Formar 60 adolescentes e jovens multiplicadores para a divulgação do canal Pode Falar, como estratégia para a prevenção nos casos de saúde mental enfrentados pela juventude do bairro de Valéria. Este foi o objetivo de uma das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto Valéria Tá Valendo (VTV) – uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), realizada em parceria com a Prefeitura de Salvador e o Instituto Aliança (IA). Os jovens participaram ativamente da criação de uma cartografia social da juventude de Valéria, para identificar onde estavam os adolescentes e jovens do bairro e, assim, divulgar de forma estratégica o Pode Falar.
A ação integra a #AgendaCidadeUNICEF, que busca engajar as administrações municipais dos centros urbanos brasileiros, comunidades, setor privado, sociedade civil, famílias e crianças com o principal propósito de garantir os direitos de crianças e adolescentes mais vulneráveis, por meio de políticas e programas mais efetivos de enfrentamento de todas as formas de violência e de promoção de oportunidades. A iniciativa visa, ainda, contribuir para superar os impactos negativos da violência no desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e suas famílias.
Discussão do mapa de Valéria mediada por Zara Rodrigues, arquiteta e urbanista, moradora do bairro, que está como voluntária na ação com os adolescentes. |
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Imagem da cartografia feita pelos adolescentes, com destaque para alguns pontos do bairro que eles frequentam. |
Grupo de adolescentes fazendo a colagem em um dos muros do bairro.
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Momentos da ação com o lambe-lambe.
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Direitos Humanos – Executando a proposta ao lado dos adolescentes e jovens e de outros colegas da equipe, Márcio Lupi, coordenador de implementação de projetos da área de Direitos Humanos do IA, destacou a relação existente entre as atividades desenvolvidas e a crença que a instituição tem no potencial da juventude. “O Instituto sempre teve como ponto inegociável o fato de acreditarmos na força e na coragem dos jovens. Estar ao lado dessa turma, construindo respostas e soluções para desafios juvenis enfrentados no território de Valéria, além de ser um privilégio, é uma oportunidade rica de aprendizagens e de constatar a força jovem que resiste bravamente diante dos indicadores preocupantes da localidade, gerando alternativas para resistir e para permanecer em um movimento coletivo e estrategicamente protegido”, ressaltou Lupi.
Grupo responsável pelas colagens no território de Boca da Mata de Valéria.
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Plataforma Pode Falar – Criado pelo UNICEF em parceria com diversas organizações da sociedade civil, o canal de ajuda virtual Pode Falar está voltado para a saúde mental e bem-estar de adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Funciona de forma anônima e gratuita por meio de um chatbot que pode ser acessado na própria plataforma. Nele, há três seções principais. Na primeira, “Quero me cuidar”, as pessoas podem receber vídeos, guias e manuais com orientação para o autocuidado. Na segunda seção, “Quero me inspirar”, os usuários podem participar de um processo colaborativo entre pares de dicas sobre como ficar bem. Na terceira, “Quero falar”, adolescentes e jovens têm acesso a um atendimento humano de escuta qualificada, oferecido por organizações parceiras.
A escuta individual funciona em regime de plantão, em um processo simplificado de encaminhamento, conectado com as plataformas da instituição parceira responsável pelo atendimento. Para utilizar a ferramenta é necessário acessar o site podefalar.org.br e clicar em “Começar a falar.” A jovem Juliana Silva Cerqueira, 18 anos, aprovou a iniciativa: "Eu tô amando toda essa experiência! Falar da saúde mental de maneira confortável em um espaço como a Plataforma, tendo assistência dos educadores, está sendo perfeito para a nossa vida e o nosso futuro. Conhecer a iniciativa do Pode Falar e poder ser uma multiplicadora no bairro de Valéria, que é tão vitimado pela violência e com tantos jovens carentes de atenção e cuidado, para mim, faz toda a diferença”.
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Foto do grupo responsável pelas colagens no território do Largo de Valéria.
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Cartografia social da juventude – Foi do movimento de buscar identificar onde estavam os adolescentes e jovens de Valéria, para a divulgação do canal Pode Falar, que surgiu, durante as atividades do projeto Valéria Tá Valendo, a ideia de criar uma cartografia social da juventude. A relação entre juventude e cartografia foi compreendida a partir da perspectiva de como os jovens se relacionam com o espaço geográfico e como podem contribuir para a compreensão e transformação desse mesmo espaço.
A partir desta compreensão, foram feitas atividades lúdicas, interativas e participativas, tendo entre os materiais utilizados o mapa de Valéria, impresso em tamanho grande para que fosse possível dialogar sobre a identificação dos diversos espaços, tentando extrair deles informações variadas e muitas histórias de vida. O espaço geográfico foi compreendido como um elemento fundamental na formação da identidade das juventudes. Através dos mapas e cartas geográficas, os adolescentes e jovens puderam explorar e compreender a diversidade de lugares, culturas e paisagens, ampliando suas visões de mundo e promovendo a construção de uma consciência espacial.
Com o território mais presente após as discussões cartográficas, a turma mapeou algumas regiões do bairro e saiu em três grupos para divulgar o canal Pode Falar, tendo como ferramenta para esta divulgação a arte do lambe-lambe – um pôster artístico de tamanho variado que é colado em espaços públicos com tinta látex, spray ou guache, contando em alguns casos, como neste, com o auxílio de rolinhos de tinta para ajudar na fixação dos materiais. Ao todo, mais de 60 cartazes foram utilizados em ruas e espaços escolares.
Equipe responsável pela localidade do Derba, em Valéria, com um mapa reduzido, organizado e legendado por eles, com os pontos identificados como importantes para a divulgação através do lambe-lambe.
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Jovem em momento de descontração e alegria durante ação com o lambe-lambe, no bairro de Valéria. |
Mais do lambe-lambe pelo território valeriano. |
Pertencimento – Nesta ação, a mobilizadora Zara Rodrigues colaborou com a equipe de formação na construção da metodologia de mobilização da juventude do bairro, com o intuito de promover um engajamento efetivo e sistemático que, a um só tempo, conseguisse alcançar o objetivo focal do projeto e promovesse um espaço de fortalecimento e movimentação comunitária.
“A cartografia foi essencial para que o coletivo definisse os espaços de promoção da divulgação da plataforma Pode Falar a partir da colagem de lambe-lambe. Este momento foi essencial para seguir fortalecendo as relações de pertencimento e (re)conhecimento do território. O movimento de ocupar as ruas de Valéria foi pulsante e motivador, promovendo mais um espaço de conexão e construção de laços entre o coletivo, o território e toda a comunidade. Este momento revelou a importância da juventude enquanto grupo social que impulsiona mudanças diante das demandas locais, tendo em vista sua capacidade criativa e acessos”, avaliou Zara Rodrigues, moradora nascida e criada no bairro de Valéria, atuante no projeto sociocultural Notas Coloridas e mestranda em Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Para Vitória Dias, integrante da equipe do IA no âmbito das ações do Projeto VTV e moradora de Valéria, a importância da formação de lideranças juvenis para a sustentabilidade das ações nos territórios continua sendo uma prioridade. “A partir do primeiro encontro, em que os significados e sentidos que os adolescentes relataram de morar no bairro reverberaram na ideia de montar uma cartografia social da juventude de Valéria, a técnica aproximou os/as jovens, que se apropriaram da criatividade, manifestaram seus locais de afetos, evidenciando onde e como se reconhecem e se relacionam como multiplicadores empoderados nesses espaços”, relatou Vitória
Valéria em números – Infelizmente, os desafios provenientes da desigualdade social da cidade têm atingido com força o território de Valéria, em especial as adolescências e juventudes locais. De acordo com dados do diagnóstico do UNICEF/2022, os jovens estão passando por situações de risco de morte, chegando ao óbito de forma muito precoce. Para explicar melhor este cenário, o documento explica que o número de óbitos na faixa etária de 15 a 19 anos e de jovens de 20 a 29 anos é superior ao número de óbitos de pessoas mais idosas. Por outro lado, são dados que, nem de longe, representam a força que resiste em cada existência juvenil, como as que lideram as atividades no projeto Valéria Tá Valendo.
Diante deste cenário, a d iretora e coordenadora-geral das áreas de Direitos Humanos e Fortalecimento de Organizações e Geração de Renda do IA, Ilma Oliveira, chamou a atenção para os efeitos na saúde mental da juventude e, ao mesmo tempo, reforçou a importância do protagonismo juvenil como resposta concreta para o surgimento de mudanças significativas da realidade. “Desde a pandemia, enfrentamos mudanças significativas na forma como os jovens se relacionam e interagem socialmente, especialmente após a privação do ambiente escolar em decorrência do isolamento social. Todos estes fatores afetaram negativamente a saúde mental deste grupo, apagando, entre outras coisas, o sentimento de pertencerem a um grupo. Neste sentido, as atividades do VTV colaboram de forma certeira para a recuperação das interações e das ações em favor dos sonhos e da retomada do direito a uma vida em coletividade social. Incrível ver essa turma falar para outros/as jovens de soluções práticas e viáveis de prevenção e proteção”, pontuou Ilma.
Saiba mais – O Projeto Valéria Tá Valendo é parte da #AgendaCidadeUNICEF em Salvador, uma iniciativa do UNICEF realizada em parceria com a Prefeitura de Salvador e parceria técnica do Instituto Aliança. Valéria fica localizado à margem esquerda da rodovia BR-324, que liga a capital à cidade de Feira de Santana, no Portal do Sertão, e a cerca de 23 quilômetros do centro da metrópole. De acordo com dados do ObservaSSA, o bairro conta com uma população total de 26.210 habitantes, tendo a sua maior parte autodeclarada parda (54,72%) e preta (28,54%), do sexo feminino (51,14%) e na faixa etária de 20 a 49 anos (50,14%).
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