Uma nova turma do Projeto Com.Direitos do Instituto Aliança (IA) começou no dia 7 de agosto, com 35 meninas cis e trans, de 14 a 17 anos, estudantes e residentes no Recife (PE) e Região Metropolitana. O encontro oficial de abertura da turma aconteceu no dia 10 de agosto, no auditório Dom Helder Câmara, localizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) - um dos parceiros estratégicos do Projeto. O evento contou com dinâmica de boas-vindas, depoimentos das famílias e fala dos representantes institucionais.

O projeto da área de Direitos Humanos e Participação Social e Política do IA escolheu para a nova turma o tema “Abrindo portas e virando chaves”. A formação propõe um convite à mudança de comportamentos, hábitos e atitudes. Com a possibilidade de acessar o mercado de trabalho via Lei de Aprendizagem, as ações do Projeto estarão voltadas para a construção de relações e conexões para agregar conhecimento e transformar mentalidades e realidades.

O encontro oficial de abertura reuniu as adolescentes, suas famílias, a equipe da Unicap e integrantes da equipe do IA: a coordenadora local do Projeto, Akueline Padilha, os educadores Tarcísio Vieira e Milene Eustaquio e a assistente de coordenação Cláudia Mendes. Akueline explicou que não foi fácil compor a nova turma: “Foram 54 adolescentes inscritas, sete encontros de seleção e três etapas em cada um deles. A maioria tem idade entre 14 e 15 anos e parece ter vindo mais curiosas e comprometidas com o Projeto, visto que, diferentemente das outras turmas, já apresentaram na semana de acolhida 98% de presença. É possível perceber um senso de maturidade, de escuta, de comportamento coletivo mais presente desde o início da formação”.

Boas-vindas – As adolescentes foram recebidas em uma sala especialmente decorada: na parede, um cartaz com uma imagem mostrando 50 portas apresentava, atrás de cada uma delas, os temas que seriam trabalhados nos encontros das oficinas. Fora da parede, outras portas foram desenhadas para serem abertas. “Acreditamos que este momento (início da formação) é decisivo no estabelecimento de conexões e de laços afetivos”, pontuou a coordenadora.

Durante o evento de abertura, foram oferecidas informações como detalhamento das atividades nos laboratórios de saúde, direito e cidadania, inovação e comunicação. Além disso, foram reforçados os aspectos pedagógicos da formação realizada pelo IA e aspectos ligados à etapa das formações teórica e prática durante o itinerário da Lei da Aprendizagem.

O momento de integração entre adolescentes e suas famílias, parceiros e equipes de educadores/as do Projeto contou com a apresentação de um vídeo com a trajetória da turma do ciclo 2, para passar aos presentes uma amostra do sentimento do que viria a ser a formação iniciada pelas meninas da nova turma. As adolescentes expressaram suas expectativas com a formação e comemoraram ter dado o primeiro passo em busca de transformações pessoais: “É importante lembrar que toda ação tem uma reação. Hoje demos o primeiro passo e vamos colher no futuro o resultado dessa escolha", contou M.C.

Mesmo com poucos dias de formação, a adolescente N.H.T.C já se mostrou ansiosa por compartilhar suas impressões: "Antes de eu entrar aqui, me via totalmente perdida no mundo. O Projeto tá sendo uma terapia pra mim. Posso dizer que me encontrei nesse local e espero que possa me formar, ser alguém na vida e fazer minha faculdade, meu curso técnico". Ela ainda ressalta as características afetivas da convivência no Projeto: "A gente é como uma família". Por sua vez, as responsáveis pelas adolescentes também afirmaram já enxergar uma mudança na postura das meninas em casa. "O Com.Direitos tá sendo uma oportunidade pra elas, que vão sabendo que será um ciclo novo pra vida delas. É uma porta nova que vai se abrir. Minha filha tá mais conversadeira, sabe a hora de dormir e de acordar pra cumprir as responsabilidades. Isso é muito importante!", disse P.I., mãe da adolescente I.V.I.M.

Atentos/as e presentes/as, os/as educadores também expressaram suas impressões iniciais da turma, como pontuou Tarcísio Vieira: “A receptividade da turma foi incrível. Os perfis bastante diferentes se complementam de modo a tornar um grupo coeso, curioso e participativo. Conceitos de sororidade, amabilidade e empatia são evidenciados nas ações da maioria das adolescentes. Iniciamos com o pé direito e certos de que a caminhada até a Certificação será exitosa”.

Saiba mais – O Com.Direitos foi iniciado em 2021 e cumpriu sua etapa piloto com alcance e superação dos objetivos, motivando a continuidade das ações até 2024. Financiado pela Freedom Fund, o programa tem como objetivo erradicar a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes na Região Metropolitana de Recife, demonstrando um modelo viável para outras regiões do Brasil. Além do Instituto Aliança, nove organizações locais integram a plataforma de parceiros nesta segunda etapa de expansão das ações, composta pela Childhood, Grupo Adolescer, Unicap, Grupo Ruas e Praças, Casa Menina Mulher, Fundação Roberto Marinho, Centro das Mulheres do Cabo e Coletivo Mulher Vida. O Projeto do Instituto Aliança é financiado por uma doação do Departamento de Estado dos Estados Unidos.