O Instituto Aliança (IA) retorna, no segundo semestre de 2023, ao território de Valéria, em Salvador (BA), com o Projeto Valéria Tá Valendo. A iniciativa, realizada em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), prevê uma série de ações que se iniciam em outubro nos eixos programáticos da Saúde, Educação e Proteção, do plano de ação #AgendaCidadeUnicef. Em reunião realizada no dia 30 de agosto, a equipe técnica do IA consolidou um grande cronograma de ações, tendo como base os nove meses previstos de execução do Projeto.

Após mobilizar 180 adolescentes e seus familiares no primeiro semestre de 2022 com o Projeto Conectividade, também em parceria com o Unicef, o IA volta ao território para promover ações de saúde mental e bem-estar de crianças e adolescentes, com informações para a proteção e criação de mecanismos de proteção contra a violência. Entre os públicos que serão beneficiados estão escolas municipais, profissionais das equipes de educação infantil e da saúde, familiares, adolescentes, crianças, profissionais e conselheiros tutelares.

Helena Oliveira, coordenadora do escritório do Unicef em Salvador, falou do cenário ampliado e estratégico da proposta. “A parceria com o Instituto Aliança representa uma contribuição para a #AgendaCidadeUnicef em Salvador, nas áreas de prevenção e proteção a crianças vítimas e testemunhas de violência e de prevenção aos homicídios no território de Valéria. Um qualificado incremento técnico às ações do Comitê de Prevenção aos Homicídios de Crianças, ao Comitê Gestor da Escuta Protegida, visando à formação de uma rede comunitária de proteção no bairro”, pontuou Helena.

Ilma Oliveira, diretora e coordenadora da área de Direitos Humanos e Participação Social e Política do IA, também analisou como assertiva a proposta do Projeto na retomada em Valéria. “Estamos todos e todas muito felizes e entusiasmados/as com a retomada do Projeto no bairro. A experiência que fizemos com o Conectividade nos ofereceu diferentes provocações e inspirações, pois mergulhamos num verdadeiro mar de aprendizados gerados no contato com essa potente comunidade, em especial com 180 adolescentes e suas histórias. A segunda fase do Projeto nos possibilitará de certa forma traçar um plano de continuidade, ao lado do Unicef, com públicos diversos e estratégicos. Será outro lindo capítulo dessa história coletiva de lutas e parcerias, sem dúvidas”, comemorou a diretora.

Atividades – Saúde e bem-estar, educação e fortalecimento dos mecanismos de proteção: são esses os três eixos de atuação do Valéria Tá Valendo. A partir de alguns pressupostos comuns aos demais projetos da área, como Diversidade e inclusão, Intersetorialidade das ações, Foco na potencialidade local, Participação e protagonismo, Alianças e parcerias e Monitoramento e avaliação, serão realizadas pelo Instituto Aliança ações em cada um dos eixos, visando à transformação da realidade do bairro.

Para o eixo 1, chamado de “Saúde e bem-estar”, as ações são distintas para infância e adolescência. Para o primeiro público, o foco é em ações antirracistas, e para o segundo, em saúde mental. A ideia, portanto, é que se tenha serviços de atenção, proteção e garantia de direitos, especialmente na primeira infância, e promoção de saúde mental de adolescentes, fortalecidos através da política pública municipal.

Neste eixo, estão previstas ações diversas, como: capacitação de 60 profissionais, com foco na educação antirracista, por meio do programa Primeira Infância Antirracista (PIA), do Unicef; oficinas com familiares; articulação e divulgação de iniciativas da Prefeitura de Salvador, em parceria com o Unicef voltadas para a primeira infância; capacitação com as creches e escolas infantis do Território; implementação e monitoramento em quatro escolas; mapeamento da Rede de Saúde Mental do Território; capacitação sobre fluxo de encaminhamento para a rede de referência em saúde mental para servidores públicos do Território; oficina com servidores públicos; pactuação de calendário sistemático de eventos e círculos terapêuticos com profissionais; formação de adolescentes para o desenvolvimento de Habilidades para a Vida.

Esta última ação será conduzida por Márcio Lupi, coordenador de implementação de projetos e supervisor de comunicação da área de Direitos Humanos e Participação Social e Política do IA. “A ideia é gerar um espaço de trocas e aprendizagens com 60 adolescentes mobilizadores de Valéria, avançando na perspectiva do desenvolvimento de competências e habilidades para a vida e, na sequência, na divulgação das ferramentas Pode Falar e Topity, do Unicef. Reencontrar os meninos e as meninas que estiveram com a gente no Conectividade ano passado faz parte de um sonho antigo. Estamos bem felizes por isso”, disse Lupi.

Educação – A metodologia das ações relacionadas à “Educação que Protege”, segundo eixo do Projeto, já foi testada e aprovada pelo IA. “A estrutura lógica é similar ao trabalho que foi desenvolvido no Recôncavo e aqui em Salvador do projeto Awurè há dois anos. Estamos partindo do princípio da implementação de metodologias que o Unicef já possui, validadas e testadas por nós e que agora chegam até o bairro de Valéria”, explicou a coordenadora de monitoramento do IA, Mariah Oliveira.

Entre os resultados esperados em educação, considerado por Mariah como o “carro-chefe”, está o Busca Ativa Escolar (BAE). A metodologia trabalha com a lógica de resgatar crianças e adolescentes que estão fora da escola, pelos mais diversos motivos - questões de saúde, econômicas, de violência -, identificá-los e trazê-los de volta para o sistema. A estratégia é executada em parceria com a Secretaria de Educação Municipal, com a utilização de uma plataforma disponibilizada pelo Unicef.

Estão também previstos: formação com as seis escolas que aderirem ao BAE, para implementação da Lei 10.639 (metodologia de educação e relações raciais); elaboração e monitoramento de Plano de Ação para a implementação de estratégias que gerem transformações efetivas no cotidiano escolar; capacitação de 50 profissionais da educação de Valéria sobre escutas e engajamento de adolescentes no tema de prevenção às violências; prevenção à violência baseada em gênero e de enfrentamento do racismo; implementação da etapa inicial da Metodologia do Trajetórias de Sucesso Escolar, realizando escuta de adolescentes em escolas do bairro e encontro de devolutiva da escuta dos adolescentes, com os gestores e professores das escolas para construir estratégias de potencialização do sucesso escolar.

Proteção – O eixo 3, “Fortalecimento dos mecanismos de proteção de crianças e adolescentes contra violências”, é um dos tópicos de maior expertise do Instituto Aliança. “A proteção virá por meio da formação dos profissionais e da articulação das diversas iniciativas que já atuam no Território, para formar uma rede de proteção mais fortalecida e as pessoas saberem quem buscar quando precisarem de ajuda”, avaliou a consultora do IA Sandra Santos.

As atividades previstas incluem, ainda, a participação ativa e assessoria técnica ao Comitê de Prevenção de Homicídios de Adolescentes de Salvador; articulação para a implementação de práticas eficazes no enfrentamento dos homicídios de adolescentes e jovens identificadas via Comitê, em Valéria; e participação ativa e assessoria técnica ao Comitê Intersetorial Municipal da Lei 13.431/17 de Salvador.

O Projeto contempla também a capacitação de conselheiros tutelares para uso do SIPIA, em parceria com o CMDCA, SPMJ e Unicef; a capacitação de 60 profissionais sobre a implementação da Lei 13.431/17, com especial enfoque na prevenção e enfrentamento do racismo e violências de gênero; e dois encontros com organizações públicas e sociais de Valéria na perspectiva da constituição de uma Rede de Proteção Comunitária a crianças, adolescentes, jovens, mulheres e pessoas em situação de alta vulnerabilidade.