Sonhar foi palavra-chave e mote das ações de formação e da cerimônia final que certificou 89 adolescentes da primeira turma de 2023 do Projeto #RefazendoSonhos. O evento aconteceu no dia 12 de julho, no espaço de festas Shalom, em Simões Filho, Bahia. Na ocasião, também foi celebrado o início da segunda turma do Projeto, que seguiu etapas cuidadosas de seleção envolvendo famílias de 110 adolescentes de 12 a 16 anos, moradores do município baiano. As atividades iniciam no mês de setembro.

O sonho da certificação foi planejado e realizado coletivamente pela turma. Além dos formandos, suas famílias e a equipe do Instituto Aliança, estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, da coordenação da Proteção Social Básica, da Secretaria Municipal de Educação e do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente.

O quarteto de mestres de cerimônia, formado pelos adolescentes Adriano Baldo, Anna Kethelen, Evelyn Lais e Lara Vitória, conduziu o momento especial. Com versos de Raul Seixas, deram o tom da cerimônia: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto é realidade”. A celebração teve como rito de abertura uma coreografia e dramatização com referências à literatura de cordel, com os adolescentes apresentando seus repentes, com assuntos relacionados às suas vivências na formação do Projeto. Como revelam os versos a seguir: “Aqui vamos falar dessa experiência singular que muito nos ensinou e que a vida fez mudar, agora estou mais atenta a tudo que acontecer e vou ficar de olho para meus sonhos refazer. Teve muita coisa, palestra, produção e momentos especiais, encontros, desenhos e formação com os pais. Mas chegou a hora de se despedir com a certificação. Vamos todos levar o Refazendo no coração”.

Nova turma – A formação da turma 2023.2 do #RefazendoSonhos contou com um processo cuidadoso de seleção. O processo de mobilização foi marcado por uma série de desafios, como aponta a equipe técnica da área de Direitos Humanos e Participação Social e Política do Instituto Aliança (IA), que executa o Projeto desde 2016, em parceria com a KNH.

O coordenador local e pedagógico do Projeto, Márcio Lupi, explicou que em um primeiro momento as famílias dos adolescentes receberam instruções detalhadas sobre o Projeto. A etapa seguinte reuniu os candidatos e candidatas em uma atividade com dinâmicas de grupo e entrevista individual. Os pontos importantes, que merecem atenção especial, de acordo com Lupi, são a baixa adesão e os desafios que os mais vulneráveis enfrentam.

“A cada turma, percebemos que chegar aos/às adolescentes fica mais desafiador, tanto pela ampliação da diversidade juvenil, com as diferentes formas de ser e de se relacionar com propostas como a nossa, quanto pelo alto nível de vulnerabilidade, que revela garotos e garotas cada vez mais desalentados/as, desacreditados/as. Tudo isso só faz crescer em nós a responsabilidade com este público, visto que o #RefazendoSonhos pretende ser, antes de tudo, um lugar de retomada da esperança, das afirmações positivas e dos projetos de vida”, observou o coordenador.

Expectativas – Apesar dos desafios da mobilização, a nova turma chegou com muitas expectativas com o que irão vivenciar no #RefazendoSonhos e já começaram a expressar suas primeiras impressões. “Sempre tive vontade de fazer parte desse Projeto, pois as minhas amigas que já estiveram aqui falam muito bem de tudo o que ocorre aqui”, disse Alana Souza. A colega Ana Silva destacou a importância de ampliar o ciclo de amigos e de colaborar com a melhoria do território: “Gosto muito de fazer amizades e aqui me senti bem acolhida. Tenho também vontade de lutar pela melhora da saúde do meu município e sei que aqui irei conseguir aprender muitas formas de reivindicar meus direitos”.

Yasmin Santos se referiu a um episódio de racismo que vivenciou e apontou como o #RefazendoSonhos pode ajudá-la a enfrentar esse tipo de situação. “Esse Projeto tem sido muito importante para mim, porque já sofri racismo aqui na minha cidade, fui destratada em uma loja, quando minha mãe foi comprar algo para mim. Eles nos julgaram como se não tivéssemos dinheiro para comprar. Me senti péssima, chorei e saí, mas queria fazer alguma coisa para que isso não existisse mais. Sinto que de alguma forma o Projeto vai me ajudar a não passar mais por isso, a superar e lutar”, contou a jovem.

Saiba mais – O #RefazendoSonhos é um projeto de desenvolvimento pessoal e social para a garantia de direitos de crianças e adolescentes, com foco na prevenção à violência sexual. Financiado pela Kindernothilfe, por meio de seu escritório da KNH Brasil – Regional Sudeste e Centro-Oeste e Estado da Bahia, tem como parceiro técnico o Instituto Aliança; parceira local, a prefeitura de Simões Filho; parceira estratégica, a loja Euzaria; e parceira certificadora a Universidade Estadual do Ceará (UECE).